Faltava pouco para o meio-dia de terça-feira quando o Riocentro passou
a ser território das Nações Unidas. Pontualmente, foram hasteadas, em frente ao
centro de convenções em Jacarepaguá, as bandeiras do Brasil, da ONU e da Rio+20.
É ali que será realizada a Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável. O
Riocentro só será devolvido à cidade no próximo dia 23, após o término da
Rio+20. A cerimônia de cessão simbólica ocorreu simultaneamente às comemorações,
em Brasília, do Dia Mundial do Meio Ambiente.
No Aterro do Flamengo, as tendas da Cúpula dos Povos, evento da sociedade
civil paralelo à Rio+20, começam a ocupar espaço. Serão 60 estruturas, por onde
deverão circular cerca de 30 mil pessoas por dia, de 15 a 23 de junho. A
montagem começou no último sábado e deve levar mais cinco dias. Mais de 800
atividades promovidas por ONGs, sendo 200 propostas por organizações
estrangeiras, fazem parte da programação, que será informada ao público por meio
de telões de LED espalhados no Aterro. Cada tenda receberá o nome de alguém que
tenha se destacado na área ambiental, como Chico Mendes.
A Marinha já patrulha a orla do Rio. O comando do 1º Distrito Naval informou
que a medida é parte dos preparativos para a segurança da Rio+20. Estão sendo
usados uma corveta (com um helicóptero para ações rápidas), duas lanchas de
patrulha e outras embarcações de menor porte. Ao longo da operação, segundo a
Marinha, serão utilizados duas fragatas, uma corveta, um rebocador de alto-mar,
quatro navios-patrulha, oito lanchas e 14 outras embarcações menores.
O patrulhamento contará ainda com seis helicópteros. Em terra, a Marinha vai
empregar um contingente aproximado de 2.200 fuzileiros navais, que vão garantir
a segurança das autoridades e delegações ao longo dos itinerários.
Nesta quarta-feira, 200 policiais federais fazem uma operação simulada de
desembarque de autoridades no Aeroporto Internacional Tom Jobim. O exercício vai
contar com a participação de fiscais da Receita Federal, funcionários da
Infraero, da Vigilância Sanitária e da Guarda Municipal. Segundo a PF, a
operação começa bem cedo, com revista nos corredores exclusivos que serão usados
pelas autoridades. Cães farejadores também serão empregados na simulação. Em
toda a operação de segurança da Rio+20, a PF espera empregar cerca de três mil
agentes.
Última sessão de negociações para a Rio+20 será dia 13
A última sessão de negociações para a Rio+20 ocorrerá no Riocentro a partir
do dia 13. As conversas continuam emperradas, mas o chefe do Centro de
Informação das Nações Unidas, Giancarlo Summa, acredita num esforço coletivo de
todos os diplomatas para que se chegue a um bom resultado.
— Temos confiança de que a Rio+20 produzirá um documento ambicioso, com os
"Objetivos de desenvolvimento sustentável" — comentou Summa, acrescentando que a
crise financeira global é hoje um empecilho. — Mas, em momentos de crise,
podemos abrir janelas de oportunidade.
Já está acertado que os "Objetivos de desenvolvimento sustentável" serão um
complemento às "Metas do milênio", que se encerram em 2016.
— A Rio+20 é uma conferência de partida, não uma conferência de chegada. Isso
significa que teremos que definir as metas dos "Objetivos de desenvolvimento
sustentável" após o término da conferência.
A crise econômica, que Summa admitiu ser um empecilho às negociações
diplomáticas, fez com que alguns países retrocedessem inclusive nos avanços
obtidos nas "Metas do milênio" — que incluem, entre outras, reduzir a
mortalidade infantil e acabar com a fome e a miséria.
— Apenas Brasil e Turquia conseguiram de fato reduzir a desigualdade social —
lembrou Summa.
De 1990 a 2010, registrou-se uma redução de 46% para 26% na fatia da
população mundial que vive abaixo da linha da pobreza. No entanto, 20% da
população no mundo não têm acesso à eletricidade, enquanto o PIB mundial cresceu
75% nos últimos 15 anos.
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