sábado, 21 de janeiro de 2012

Qual é a graça da Luíza?

A graça, aparentemente, era não entender a graça em tanta graça.

Na última segunda-feira, quando acordamos, quase ninguém sabia quem era Luiza nem que ela estava no Canadá. No dia seguinte, não se falava outra coisa nem no Capão Redondo: sim, Luiza estava no Canadá.

E daí?, foi a primeira reação de qualquer um ao ouvir a frase pela primeira vez. A graça, aparentemente, era não entender a graça em tanta graça.

Para achar a explicação da coisa foi preciso limar pelo menos dez paródias criadas em rapidez assustadora sobre o fato original. Tudo começou numa propaganda de um empreendimento imobiliário de João Pessoa, capital da Paraíba. Na peça, um interlocutor, que logo soubemos ser um colunista social, fala em poucos segundos das vantagens de se morar num lugar privilegiado pela alta sociedade local.

Para provar o que dizia, reuniu toda a família (porque não é só um produto à venda, mas uma ideia de conforto e felicidade). Mas fez um adendo: estavam todos lá, menos a Luiza, que estava no Canadá.

Num tempo de falas padronizadas, em que se elimina a licença poética e o adendo para que a mensagem caiba num pronunciamento claro, objetivo e impessoal, a rápida citação à filha, que nada tinha com paredes e janelas da casa, parecia completamente fora do contexto. Só faltou olhar para a câmera e dizer: “Saudades, minha filha, te amo”.

Alguém chegou a dizer que o marqueteiro errou a mão ao tentar produzir uma ideia ainda mais tentadora ao potencial cliente: o novo rico não só tem condições de morar num apartamento bem localizado, com vista para o mar, como ainda manda seus filhos para o exterior.

É o fetiche do fetiche.

O meme, como é chamado o copia e cola geral de uma moda na internet, chegou desta vez em uma velocidade impressionante. De repente, Twitters de referência faziam referência à menina: “E Deus amou todos os seus filhos e suas filhas, menos Luiza, que está no Canadá”. Até o Lenine, num show em João Pessoa (o epicentro do meme), tirou a casquinha: “Poxa, cara, veio todo mundo para o show, menos a Luiza, que está lá no Canadá”.

As Luizas e Luisas de todo o mundo chegaram em casa com enxaqueca na terça-feira, quando a coisa explodiu. “Ah, mas você não estava no Canadá?”.

Os mais criativos colocaram a mão na massa. Um criou um blog para juntar todas as referências à Luiza, que está (va) no Canadá. Outro lançou a ideia: “O Magazine Luiza tiraria o ‘Luiza’ do nome porque ela está no Canadá”. Nem Chico Buarque escapou: “no meu repertório vou cantar meus maiores sucessos, menos ‘Luiza’, porque ela está no Canadá”.

E até o sacrossanto (para muitos) slogan do governo federal virou piada: “Brasil, um País de todos, menos de Luiza, que está no Canadá”.


Quando ninguém mais parecia disposto a martelar o assunto, veio o Carlos Nascimento. Na quinta-feira, no jornal do SBT, o apresentador resolveu vociferar contra essa mania da juventude de transformar qualquer bobagem em debate nacional. “A Luiza já voltou do Canadá, e nós já fomos mais inteligentes”


Agora falando de propaganda de oportunidade, que eu tanto adoro, vejam abaixo o filme protagonizado por Gerardo Rabello, o pai da Luiza que estava no Canadá.

A operadora VIVO correu com a produção, assinada pela Africa, para não chegar tarde à mídia e perder o bonde do meme.



Luíza no Baile do Cafuçú, o mais engraçadooo!!!

PRIMEIRO COMERCIAL DE LUIZA NO BRASIL from Baile do Cafuçu on Vimeo.


Fonte

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